Salgueiro, PE – 29 de abril de 2025 – Nesta segunda-feira, a cidade de Salgueiro relembra com pesar e reverência os 34 anos da morte do Padre José Maria Prada, missionário redentorista português assassinado em 29 de abril de 1991 por manter-se fiel aos princípios da Igreja Católica e às Leis de Deus. Seu martírio, ocorrido na Casa Paroquial da então Igreja Matriz de Santo Antônio, hoje Catedral Diocesana, é até hoje símbolo de fé, coragem e fidelidade.
Nascido em 20 de setembro de 1928, em Parâmio, Conselho de Bragança – Portugal, Padre José Maria iniciou sua formação religiosa no Seminário dos Redentoristas de Cristo Rei, em Vila Nova de Gaia, e posteriormente no noviciado em Nava del Rey, na Espanha, onde professou seus votos religiosos em 24 de agosto de 1946. Seguiu para o Seminário Maior de Astorga, onde cursou Filosofia e Teologia, sendo ordenado padre em 14 de junho de 1953. Sua Missa Nova foi celebrada em sua terra natal.
A vida missionária do sacerdote o levou primeiramente à Angola, onde permaneceu de 1955 a 1976, atuando com dedicação em condições muitas vezes adversas. Após breve retorno a Portugal, onde trabalhou na paróquia de S. Julião de Palácios, seguiu em missão para o Brasil. Estabeleceu-se inicialmente em Marília, São Paulo, e em 1982 transferiu-se para o Nordeste brasileiro, atuando nas cidades de Exu e, finalmente, em Salgueiro.
Foi em Salgueiro que Padre José Maria viveu seus últimos anos de missão. Em 1991, recusou-se a realizar o casamento de um sargento da Polícia Militar, José Edivan, ao descobrir que o mesmo já era casado, conforme registro nos arquivos da Paróquia de Santo Antônio. O sacerdote, ao se manter firme aos preceitos da Igreja, foi ameaçado, intimidado e, posteriormente, brutalmente assassinado com cinco tiros, por volta das 11 horas da manhã do dia 29 de abril de 1991.
O crime abalou profundamente a comunidade católica local. A missa de corpo presente foi celebrada por Dom Frei Paulo Cardoso, então bispo da Diocese de Petrolina, com a presença de todo o clero diocesano e uma multidão comovida. O corpo foi trasladado até Juazeiro do Norte (CE) e, de lá, levado a São Paulo, onde foi sepultado no Cemitério de Itaquera. No cortejo, seguia à frente uma cruz com a camisa ensanguentada do padre mártir.
Apesar da morte, Salgueiro permaneceu com uma parte sagrada de Padre José Maria. Seu coração foi depositado em um nicho na parede da Catedral de Santo Antônio, à direita do altar, sob uma lápide de mármore onde se lê:
“Felizes os perseguidos por causa da justiça”
Pe. José Maria Prada
20-09-1928 † 29-04-1991
Martirizado em defesa da Santidade do Matrimônio.
Sua história foi destacada em publicações como a Revista Ação Missionária (maio de 2000), que o denominou “mártir transmontano”, e o Semanário Transmontano, que reforçou o legado deixado pelo sacerdote, lembrando que “Salgueiro não quis perder o seu mártir. Ficou-lhe com o coração”.
Hoje, passadas mais de três décadas, o assassino vive em liberdade na zona rural do município de Triunfo-PE, a cerca de 130 km de onde o crime foi cometido, enquanto a memória do Padre Prada continua viva no coração do povo de Salgueiro, como símbolo de fé inabalável e fidelidade aos valores cristãos.
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