O atual secretário municipal Henrique Sampaio, vereador licenciado, foi o único membro da base governista — entre vereadores aliados e secretários municipais — a manifestar publicamente repúdio direto ao vereador Pitel, após a polêmica declaração ofensiva contra famílias atípicas e profissionais da saúde.
Enquanto outros agentes políticos da situação limitaram-se a publicar mensagens de apoio às famílias afetadas, evitando mencionar o nome de Pitel ou se posicionar frontalmente contra sua conduta, Henrique adotou outro tom: condenou explicitamente a fala do vereador, classificando-a como ofensiva e desrespeitosa.
O gesto, embora solitário, chama atenção pelo contraste com o silêncio conivente de seus colegas de gestão e bancada, que preferiram manter a blindagem institucional ao invés de exercer um papel mais firme de repreensão ética e política.
No entanto, Henrique Sampaio também não é isento de polêmicas. Em sua atuação como vereador, protagonizou momentos constrangedores, como a moção de aplausos apresentada em plenário à boleira que produziu o bolo de “mesversário” do filho do cantor João Gomes. O episódio foi amplamente criticado e ridicularizado nas redes sociais e em veículos de imprensa, sendo citado como exemplo de uso inadequado da função legislativa para fins fúteis.
Já Pitel, o centro da mais recente controvérsia, voltou a ganhar notoriedade — negativa — com suas declarações consideradas capacitistas e ofensivas, em um discurso que rapidamente repercutiu na imprensa local, estadual e nacional. Para muitos, foi a “pílula da vergonha” definitiva em um mandato marcado por atitudes incompatíveis com a responsabilidade parlamentar.
A postura de Henrique desta vez, ainda que tardia ou motivada por pressão pública, quebra o padrão de silêncio estratégico da gestão diante de escândalos internos. Porém, a ausência de um posicionamento firme do conjunto da base — preferindo discursos genéricos em apoio às famílias ao invés de enfrentar o problema diretamente — revela uma fragilidade ética preocupante.
Famílias atípicas esperam mais que solidariedade. Esperam respeito, coragem política e medidas reais. Não é só sobre o que se diz, mas sobre quem se tem coragem de confrontar.
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